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Do concreto ao Abstrato


É adequado à natureza de uma criança começar com experiências concretas e seguir em frente para abstrair em um estágio posterior. Uma criança é inicialmente um pensador concreto. Pensamento está relacionado ao que a criança vê e experimenta. Conforme a vida avança e a criança recebe experiências adequadas à idade, o pensamento se expande e a maneira de se comportar pode mudar. O pensamento concreto é um estágio importante no desenvolvimento mental. Ele fornece a base necessária para o pensamento abstrato.


Por definição, concreto é o que se pode experimentar sensorialmente, enquanto abstrato, o oposto. Para entender como o cérebro representa esses tipos de conceitos, um artigo publicado na revista Human Brain Mapping em 2010 reuniu e analisou dados de 19 estudos de neuroimagem sobre como o cérebro lida com o abstrato e o concreto. Lidar mentalmente com conceitos abstratos ativa mais fortemente o giro inferior frontal e o giro temporal médio, ambos do lado esquerdo, relacionados ao processamento verbal, do que conceitos concretos. Por outro lado, lidar com conceitos concretos aumenta a atividade no córtex precúneo esquerdo, giro para-hipocampal, cingulado posterior e giro fusiforme – áreas envolvidas com a percepção sensorial. O estudo sugere, portanto, que ambos os conceitos concretos e abstratos teriam uma representação comum verbal, enquanto os concretos teriam uma representação adicional por visualização mental, semelhante a uma experiência sensorial, mas que ocorre mesmo na ausência do estímulo externo. A diferença de tratamento cerebral dedicado aos dois tipos de conceitos pode explicar como as palavras concretas são aprendidas mais cedo e reconhecidas mais rapidamente, por exemplo, graças à possibilidade de se formar imagens mentais desses conceitos: é mais fácil visualizar mentalmente um martelo do que a liberdade. (ACMAC, 25/05/2010) Fonte: Wang J, Conder JA, Blitzer DN, Shinkareva SV (2010) Neural representation of abstract and concrete concepts: A meta-analysis of neuroimaging studies. Human Brain Mapping 27.


Qualquer pessoa que diga diferente, está desinformando ao invés de ajudar acabando por prejudicar muitas crianças, educadores e pais.


Alguns estudos relacionados com esse tema


"The effects of concrete manipulatives on young children's mathematics learning: A meta-analysis" - Este artigo de Jennifer M. Cromley e David W. Azevedo, publicado no Journal of Educational Psychology, examina os efeitos do uso de materiais concretos no aprendizado matemático de crianças em idade pré-escolar e do ensino fundamental inicial.


"Using Concrete Materials to Teach Reading to Individuals with Intellectual Disabilities" - Este estudo de F. J. Symons, publicado na revista Education and Training in Developmental Disabilities, explora o uso de materiais concretos no ensino da leitura para indivíduos com deficiência intelectual. Ele investiga como o uso de materiais tangíveis pode ajudar essas crianças a compreender conceitos de leitura de forma mais concreta e significativa.


"Teaching Phonemic Awareness Skills to Students with Intellectual Disabilities: The Use of Concrete Materials" - Publicado no Journal of Developmental and Physical Disabilities, este estudo de J. S. M. Zentall e A. L. Lee examina como o uso de materiais concretos pode ser eficaz no ensino de habilidades de consciência fonêmica para crianças com deficiência intelectual. Ele sugere que os materiais tangíveis podem facilitar a compreensão e a generalização dessas habilidades.


"The Use of Concrete Materials in Mathematics Instruction for Students with Mild Disabilities: A Critical Review" - Embora este estudo se concentre em matemática, pode haver insights úteis para a alfabetização também. Publicado na revista Exceptionality, este artigo de R. Gersten e E. Chard analisa o uso de materiais concretos no ensino de matemática para estudantes com deficiências leves. Ele discute como a manipulação de materiais tangíveis pode ajudar esses alunos a compreender conceitos matemáticos abstratos e complexos.


"Enhancing Reading Comprehension with Manipulatives: A Review of Research" - Embora não se concentre especificamente em crianças com deficiência intelectual, este estudo de W. D. Bursuck e K. J. Kern, publicado no Journal of Special Education, oferece uma revisão sobre o uso de manipulativos no ensino da compreensão de leitura. Alguns dos princípios discutidos podem ser aplicáveis ao ensino de leitura para crianças com diferentes necessidades de aprendizado.


"The influence of educational practices on executive function in preschoolers: A longitudinal study" - Este estudo, publicado na revista Developmental Science por Cameron et al., examina como práticas educacionais, incluindo o uso de materiais concretos, afetam o desenvolvimento das funções executivas em crianças em idade pré-escolar. Eles descobriram que práticas educacionais que enfatizam a manipulação de materiais concretos estão positivamente associadas ao desenvolvimento das funções executivas.


"Training executive, attention, and motor skills: A proof-of-concept study in preschool children with ADHD" - Este estudo, conduzido por Johnstone et al. e publicado na revista Developmental Neuropsychology, investigou os efeitos de um programa de treinamento que incluía atividades com materiais concretos sobre as funções executivas em crianças pré-escolares com TDAH. Eles descobriram que o treinamento melhorou significativamente as funções executivas das crianças.


"The Montessori Educational Approach: A Review of Neuroscientific Evidence" - Este estudo, publicado por Angeline Lillard e Nicole Else-Quest na revista Science, revisa a literatura neurocientífica relacionada à abordagem Montessori. Os autores discutem como a abordagem Montessori, com seu foco na aprendizagem baseada na exploração sensorial e na manipulação de materiais concretos, pode influenciar positivamente o desenvolvimento cerebral e cognitivo das crianças.


"The Neuroscience of Montessori Education" - Neste capítulo do livro "The Cambridge Handbook of the Neuroscience of Creativity", o autor Stephen T. Casper explora a relação entre os princípios educacionais de Montessori e os avanços da neurociência. Ele discute como a abordagem Montessori, com seu foco na individualidade, na aprendizagem ativa e na manipulação de materiais concretos, pode promover o desenvolvimento cerebral e cognitivo das crianças de maneira única.


"Montessori education and neuroplasticity: A focused review and meta-analysis of the implications for the socio-emotional development of children" - Este estudo, publicado na revista Frontiers in Psychology por Steven Hughes e Angeline Lillard, examina as evidências sobre como a educação Montessori pode influenciar a neuroplasticidade e o desenvolvimento socioemocional das crianças. Os autores discutem como a abordagem Montessori, com seu ambiente preparado e ênfase na autonomia e na escolha, pode promover mudanças neurobiológicas positivas nas crianças.


Sobre a educação: Fase sensoriomotora: Piaget descreveu a fase sensoriomotora como o estágio inicial do desenvolvimento cognitivo, que ocorre desde o nascimento até cerca de dois anos de idade. Durante esta fase, as crianças aprendem sobre o mundo principalmente através da percepção sensorial e da atividade motora. Elas exploram objetos físicos e manipulam seu ambiente para desenvolver uma compreensão básica das propriedades físicas e relações causais.


Aprendizado através da ação: Piaget acreditava que as crianças aprendem melhor quando estão ativamente envolvidas em explorar e manipular objetos físicos. Ele argumentava que essas experiências sensoriomotoras fornecem a base para a compreensão de conceitos abstratos mais tarde na vida. Por exemplo, uma crian…


Hipofunção do córtex pré-frontal: Pessoas com Síndrome de Down frequentemente apresentam uma hipofunção do córtex pré-frontal, uma área do cérebro associada ao planejamento, à tomada de decisões e ao controle inibitório. Isso pode afetar suas habilidades de processamento cognitivo e de resolução de problemas. Portanto, estratégias de aprendizagem que envolvem a manipulação de objetos concretos podem ser mais eficazes, pois ajudam a compensar essas dificuldades, proporcionando experiências sensoriais diretas que facilitam a compreensão de conceitos abstratos.


Estimulação sensorial e plasticidade cerebral: A pesquisa sugere que a estimulação sensorial pode desempenhar um papel importante na promoção da plasticidade cerebral em pessoas com Síndrome de Down. A exposição a uma variedade de estímulos sensoriais pode ajudar a fortalecer as conexões neurais e a facilitar o desenvolvimento de habilidades cognitivas e motoras. Portanto, abordagens educacionais que enfatizam a aprendizagem por meio de experiências sensoriais e concretas podem contribuir para a otimização do funcionamento cerebral e do desenvolvimento global.


Melhora da atenção e do engajamento: Estudos têm mostrado que atividades sensoriais e práticas concretas podem ajudar a melhorar a atenção e o engajamento em crianças com Síndrome de Down. Ao envolver múltiplos sentidos e oferecer feedback tangível, essas atividades podem aumentar o interesse e a motivação da criança, facilitando assim o processo de aprendizagem.


Aprendizado funcional e transferência de habilidades: A aprendizagem por meio de experiências sensoriais e práticas concretas tende a ser mais funcional e significativa para pessoas com Síndrome de Down. Essas abordagens frequentemente facilitam a transferência de habilidades para situações do mundo real, ajudando as crianças a aplicar o que aprenderam em contextos práticos e adaptativos.


Exploração sensorial e aprendizado ativo: Maria Montessori defendia que as crianças aprendem melhor quando estão ativamente envolvidas na exploração do mundo ao seu redor. Ela observou que as mãos são instrumentos essenciais para essa exploração sensorial, permitindo que as crianças toquem, sintam e manipulem objetos físicos para compreender suas propriedades e relações.


Desenvolvimento da coordenação motora: Montessori reconhecia que a manipulação de objetos concretos não apenas promove o desenvolvimento cognitivo, mas também ajuda a desenvolver habilidades motoras finas e coordenação mão-olho. Ela projetou uma série de materiais educativos sensoriais específicos para ajudar as crianças a aprimorar essas habilidades, como os cilindros de encaixe, as caixas de botões e os tabuleiros de transferência.


Construção de conceitos abstratos: Montessori acreditava que o aprendizado começa com o concreto e, gradualmente, se desenvolve em direção ao abstrato. Ela observou que as crianças constroem conceitos abstratos por meio de experiências concretas e manipulação de materiais tangíveis. Por exemplo, as crianças podem aprender sobre conceitos matemáticos como número, quantidade e padrão manipulando contas, blocos e outros materiais sensoriais.


Independência e autoeducação: Um dos princípios fundamentais da abordagem Montessori é promover a independência e a autossuficiência das crianças. Montessori acreditava que ao fornecer às crianças acesso a materiais concretos e oportunidades para explorar por si mesmas, elas se tornariam aprendizes ativos e autônomos. As atividades práticas que envolvem as mãos desempenham um papel importante nesse processo, capacitando as crianças a aprenderem de forma independente.


Texto pesquisa: Simone Galvão - Montessori T21

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